sábado, 24 de maio de 2014

A Sociedade Odeia os Filósofos

A sociedade odeia Filósofos. Também não é por menos; Quem pode gostar dos que só têm questionamentos a oferecer? Ela precisa de pessoas objetivas, focadas e úteis, não de pessoas que exerçam a lógica para contestar os “por quês” da existência. Nas escolas, nos hospitais, na TV, nos web sites, e até mesmo nos templos religiosos, buscam-se pessoas que apresentem soluções rápidas e tateáveis aos problemas que afligem o senso comum. Ninguém se importa com conceitos, afinal, já se tem pré-conceitos o bastante para dar e vender.  “Os Filósofos vivem e merecem viver no ostracismo!” É o que demonstra a sociedade com seu desprezo. Tais pessoas, não necessitam de filósofos e sim de mais médicos, engenheiros, físicos, matemáticos, atores de TV, cultura pop, comida e sexo, muito sexo. Como diria o grande filósofo (ou desocupado?) Sócrates: “Aquele que se casa com uma boa esposa, se torna feliz. E aquele que se casa com uma esposa má, se torna filósofo.” Uma boa esposa, não tem saco de sentar-se com seu marido e tentar desvendar os mistérios da existência, uma boa esposa quer logo assumir seu papel na objetividade e aquietar-se nas vitrines, ora consumindo, ora obedecendo aos mandos e desmandos do mercado, para que sintam poderosas e atraentes, e no fim, ver tudo terminar em sexo e algumas demonstrações de afeto. Somente a esposa má desperta no filósofo a consciência de que todas as esposas, assim como o resto da humanidade, caminham em desacordo com a simplicidade, preferindo assim, o caminho dos confetes e das produções humanas de felicidade e bem-estar. E quanta bobagem! Somente um filósofo mesmo para dar razão ao que não tem importância.  Erguemos as bandeiras do utilitarismo e do imediatismo e abaixemos a bandeira da criticidade. Criticar pra que? Devemos deixar as coisas como estão e devemos respeitar o espaço do outro, mesmo que este seja um grande idiota. Filósofos não respeitam ninguém, por isso, merecem sim serem odiados pela sociedade. A sociedade odeia tanto os filósofos que de vez em quando retiram alguns destes pobres coitados de suas masmorras e lhes dão um lugar de honra junto à corte imperial, afinal, quando domesticados, essa escória pode ser suficientemente útil para inflar o ego dos reis.
E o que mais me constrange é saber que se hoje eu tenho a liberdade de escrever estas linhas e se você que as lê tem a liberdade de interpretar da maneira que melhor lhe aprouver, é que um dia alguns filósofos lutaram até o fim de suas vidas para que tais coisas fossem possíveis.
     

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