terça-feira, 26 de julho de 2011

Pensamentos

"Esconda sua loucura por trás do seu bom senso e seja eternamente infeliz"!!!

"Ficar em silêncio é permitir o desabafo da alma".

sábado, 23 de julho de 2011

A CARTA DE AMOR DE UM MONGE

Em um pequeno monastério na Sicília, um monge descobriu um grande segredo e decidiu escrever uma carta para o amor da sua vida para relatar sua descoberta:

Meu grande amor;
Sempre tenho dificuldades para iniciar um assunto, da mesma forma tenho para finalizá-lo. Eu acredito que os seres humanos sempre se perdem em momentos como estes. A insegurança do começo e o medo do fim levam as pessoas a desistirem facilmente de seus projetos. Mas eu gostaria de iniciar dizendo a respeito da minha decisão em seguir a minha vocação eclesiástica. Na verdade eu sempre quis decifrar os mistérios acerca do céu. A busca foi intensa. Trilhei os caminhos da teologia, psicologia, metafísica e filosofia, mas a única e real descoberta destes mistérios surgiram no momento em que estava sozinho, no escuro do meu quarto, relembrando os melhores momentos da minha vida. As lembranças foram tão intensas que parecia que eu estava novamente vivendo todos aqueles momentos. Até que de repente você surgiu nas minhas lembranças e neste exato momento Deus me mostrou que o céu não possui mistérios e que ele é tão visível e tão simples que nem nos damos conta de sua proximidade. Ele sim possui uma inegável essência; e esta essência se chama amor. Aquilo que sentíamos um pelo o outro e que me fazia esquecer o sono para contemplar-te dormindo como um belo anjo enquanto minhas mãos afagavam seus belos cabelos. Seus pais pensavam que você estava com suas amigas e que estava protegida- de fato estava mesmo protegida- porém pelo o calor do meu colo que a aquecia daquelas noites frias. Demorei muito para descobrir que o céu está dentro de nós e que infelizmente vivo um verdadeiro inferno existencial. Sonho com o dia em que poderei olhar nestes seus olhos que brilham como dois lindos diamantes, te abraçar e dizer que agora eu encontrei todas as respostas que precisava. Mas como chegarei ao céu se você não me der asas? Como alcançarei o pináculo da vida se os meus pés estiverem acorrentados? Mesmo com o paraíso interiorizado, eu preciso muito de você para alcançar os lugares mais altos. Seu amor me faz sentir livre como os pássaros. Não me culpo por te amar, não posso considerar-me culpado por querer o que me faz sentir verdadeiramente vivo.
O ser humano vive buscando definições para todas as coisas. O fascínio pela a lógica e pela a razão tem impedido o mundo de alcançar a verdadeira paz. Subtraem-se as relações e as afetividades, adicionam a individualidade, multiplicam o egocentrismo que resultam sempre em grandes descobertas científicas e em uma angústia global. Toda a minha lógica e toda a minha razão me apontam você! Por este motivo sinto muita paz, por saber que você é o resultado de tudo o que me faz sentir parte do universo. Desde que parti não ouvi uma notícia sequer a seu respeito, mesmo respeitando a minha decisão, sei que ficou muito magoada, mas estou decidido a reencontrar-te e pretendo reconstruir em seu coração as estruturas mais fortificadas para que o nosso amor torne a fazer morada e seja livre para movimentar-se como se sentir melhor. Eu não abandonei a minha fé, só estou fazendo tudo àquilo que eu deveria ter feito há muito tempo: Te encontrar e viver ao teu lado pelo o resto da minha vida. Somente isto apagará as chamas deste inferno existencial que me atormenta de dia e de noite. A tua ausência me faz sentir na alma a angústia de um eterno condenado. É claro que não posso esconder o medo de saber que você já tenha encontrado outro alguém, mas ainda assim, se o nosso amor for algo proibido aos olhos de Deus e dos demais mortais, poderemos nos esconder como Adão e Eva se esconderam após degustarem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Com certeza Deus nos encontrará neste imenso jardim da vida, mas os seres humanos nem notarão a nossa presença ou mesmo a nossa ausência. Eles andam tão preocupados com as coisas da vida que não terão tempo algum para se preocuparem conosco. Podemos vivenciar um amor secreto, podemos juntos criar o nosso mundo cujas leis serão de nossa autoria. E as leis serão simplesmente: Amar e amar!
Eu me lembro do dia em que me disse que o nosso amor seria eterno. Naquela época eu enxergava o amor como uma energia facilmente manipulável e que esta energia poderia limitar-se a apenas a uma reação química provocada pelo nosso corpo, por isso não dei muita importância. Mas a sua falta me fez reconhecer que o amor quando chega, vem como um furacão e sai carregando tudo o que encontra pela a frente. O amor é tão poderoso que contraria até mesmo as leis da física. Ele é a ação e a reação, a causa e o efeito, o principio, o meio e torna-se o principio novamente. É um ciclo sem fim, e eu o sinto vivo aqui dentro de mim, muito mais latente e forte do que antes. E ele só me faz enxergar você, só me faz te querer mais e mais.
Bom, eu vou terminando por aqui. Espero te encontrar e ter o privilégio de entregar-te esta carta pessoalmente e prometo que se ainda existir alguma possibilidade de um recomeço da sua parte, eu a colocarei em uma garrafa e a jogarei na imensidão do oceano. Juntamente com ela eu deixarei em anexo uma mensagem dizendo para quem a encontrar que vale a pena acreditar no amor, pois ainda pensando que estivesse morto, ele me mostrou que é vivo e tenho certeza que viverá para sempre nos corações mais sensíveis.
Um grande beijo e saiba que eu te amo como nunca amei ninguém em toda a minha vida!

Demetrio 11/05/1978

Estranhamente, a garrafa que continha a carta e a mensagem foi encontrada por alguns amigos da namorada de Demetrio. Ela estava no mar onde as cinzas dela foram despejadas. Ela faleceu quatro meses antes que ele tentasse entregar a carta. Na mensagem anexada estava escrito: “Você partiu, mas as esperanças não cessarão. Tenho certeza que a encontrarei em outra vida e ficaremos juntos por toda a eternidade e nada, absolutamente, poderá nos separar. As dores, as tristezas, a vida e a morte não terão mais poder sobre nós.”
O povo Siciliano nunca mais ouviu falar a respeito de Demetrio. Ele fugiu sem deixar pistas. Mas na porta do monastério, nasceram duas árvores cujos galhos entrelaçaram-se como dois amantes e todos os anos, na data em que a carta fora escrita, os apaixonados surgem de diversas partes da Itália e depositam nos pés das árvores suas cartas de amor.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Um mendigo no pináculo da vida

Um certo mendigo caminhava bêbado e cambaleando pelas ruas procurando um bom lugar para dormir. De repente ele avista uma linda casa com uma placa iluminada com letreiros em néon e um alto-falante que berrava com uma voz feminina:
“Venham este é o grande abrigo para mendigos, aqui você entra miserável e sai rico.”
O homem decidiu entrar e deparou-se com uma linda recepcionista que o atendeu com um belo sorriso nos lábios. Antes que ele dissesse alguma palavra, ela se levantou e o abraçou e ele pôde sentir o delicioso perfume que exalava da pele daquela mulher. Ele não entendeu absolutamente nada, mas ela logo pegou uns papéis grampeados e o pediu para assinar aquele contrato.
- Mas... mas... Eu não sei ler nem escrever – disse o mendigo- como poderei saber do que se trata? Como poderei seguir as condições para honrar as cláusulas deste contrato?
- Não precisa- disse a linda recepcionista- Eu posso explicar do que se trata, e mais, se você não puder assiná-lo é só colocar seu dedo polegar nessa esponja umedecida com tinta e em seguida colocá-lo no papel que sua impressão digital o autenticará. Entretanto aqui diz que a partir de hoje sua alma pertence ao diabo e que toda e qualquer forma de compaixão, amor ou algo que o aproxime de Deus não mais fará parte da sua vida. Em troca você terá muito dinheiro, fama, saúde e mulheres.
O mendigo ficou perplexo e pôs-se a pensar:
Pensou na possibilidade de ajudar as pessoas que sofriam como ele.
- Mas a caridade é dom divino eu não posso ser caridoso.
Em seguida pensou nos jantares nos melhores restaurantes, lembrou-se daquele gerente que o expulsou por ter ido àquele belo restaurante pedir comida.
- É isso... Vingança! Isso eu posso e como é bom o seu sabor.
Pensou nas mais belas mulheres nuas em sua cama realizando todas as suas fantasias.
- Luxúria! Isso é muito bom.
Ele também lembrou que o seu dinheiro poderia abafar todos os escândalos que pudesse cometer e todas as pessoas que poderia comprar para estar ao seu lado.
- Nunca mais serei julgado. Seria ótimo ser impune.
Então ele autenticou o contrato. A bela recepcionista o encaminhou a uma das suítes de luxo e lá estavam à sua espera, cabeleireiros, massagistas, e todas as pessoas que poderiam mudar sua aparência e cuidar de seu corpo. Cortou o cabelo, fez a barba, alimentou-se bastante, bebeu muito vinho, passou por uma sessão de hidromassagem e em seguida dormiu.
Quando acordou, percebeu que já não estava mais naquele abrigo e sim em uma linda mansão. Ao sair do quarto deparou-se com um mordomo que o apresentou a todos os empregados. Tomou seu café da manhã e decidiu sair para tomar um ar. Ele nem fez questão de questionar o motivo de aparecer repentinamente naquele lugar, apenas queria sair um pouco. Na porta de sua mansão estava um homem vestido de preto que tinha um rosto muito pálido, porém com um formato muito diferente de todos os rostos que já tinha visto e seus olhos eram vermelhos como sangue, porém muito penetrante, parecia que o olhava por dentro. Este homem de preto o desejou um bom dia!
- Bom dia! Respondeu o mendigo. Em que eu posso te ajudar?
O homem sorriu sarcasticamente.
- Você não pode me ajudar, sou eu quem o está ajudando.
-Mas quem é o senhor?
- Disseste bem. Eu sou o seu senhor! Sou o diabo, mas pode me chamar de Lúcifer. Prefiro que me chamem desta forma.
- Mas se realmente foi o senhor quem me ajudou. Por que está do lado de fora da minha casa e não me dando ordens ou dando ordens aos meus empregados?
- Porque a casa é sua! Eu não posso interferir no percurso natural do seu mundo. A não ser que me dêem legalidade para fazê-lo.
- É claro que o senhor tem essa legalidade, fique a vontade. Sou muito grato por mudar minha vida.
- Tudo bem. Mas para que essa legalidade ser confirmada, eu preciso de um corpo, pois não sou um ser carnal como você, eu sou espiritual. Permita-me possuí-lo?
- Que seja feita a sua vontade.
Então Lúcifer possuiu aquele homem. Sentindo certa sensação de choque na cabeça, ele pôde perceber que todos os seus sentidos e raciocínio agora pertenciam àquela entidade. Ele já não via o céu azul, o céu agora era escuro, acinzentado. Não podia contemplar os belos corpos das mulheres, agora ele as via como carnes em estado de putrefação. Percebeu que repentinamente aprendeu a ler e a escrever, muito mais que isso, dominava todas as fórmulas matemáticas existentes. Descobriu que possuía conhecimentos avançados de astrologia, astronomia, física quântica e filosofia. Sentiu-se o maior cientista de todos os tempos. Mas na sua cabeça impregnava-se apenas um motivo para tanto conhecimento. O extermínio do ser humano. Já não tinha mais sensibilidade, muito menos compaixão. Certa vez cuspiu em uma criança que lhe pediu uns trocados, ela vivia da mesma forma que ele quando mendigava todos os dias nas ruas da metrópole. Aquele homem já não era mais um mendigo. Agora era conhecido como Dr. Charles. Estava sempre “chapado” de bebidas e drogas. E sempre insistia em pensar que todos os que aproximavam dele só estavam interessados em sua fortuna e que o mundo inteiro o odiava. Charles lembrou-se da liberdade de reciprocidade que lhe era permitido.
Um dia seu corpo reagiu à falta de sexo. E então decidiu procurar algumas acompanhantes de luxo. O diabo abandonou sua mente por alguns tempos e então sentiu-se livre para escolher as mais belas mulheres. Ele levou duas lindas modelos para a sua cama, mas o diabo novamente o possuiu e ele já não as via mais como mulheres e sim como seres horripilantes e fedorentos. Pulou da sua cama e pôs-se a chorar como uma criança. Mas de repente sobreveio-lhe uma lembrança. Lembrou-se de que ainda estava vivo e que poderia cancelar aquele contrato mesmo pagando sua multa a vida inteira. Ele chamou seu chofer e pediu que o conduzisse ao local onde tudo havia começado. Quando chegou, percebeu que aquele lugar não mais existia, a única coisa que estava era uma pobre casa que tinha um telão em sua fachada onde passava cenas de toda a sua vida. Ele viu sua infância, o amor que recebera dos seus pais, a morte de ambos. Viu o desprezo por parte dos seus parentes que o abandonara internando-o no orfanato onde passou toda a sua infância. Lembrou-se daquela espelunca e das mulheres que o espancavam até que não mais agüentou e fugiu em busca de uma família. Mas a solidão e o descaso o perseguiam. Enfim, ele cresceu nas ruas sobrevivendo ao ódio, à rejeição e a fome. Sua situação financeira havia mudado totalmente, agora era um homem culto, de boa aparência e conhecido em vários lugares. Mas sua vida perdera totalmente o sentido. Não podia mais enxergar as coisas e as pessoas em sua beleza, só conseguia ver as podridões e o caos. Estava impossibilitado de amar e estender as mãos para ajudar seja La quem for. Olhava as estrelas e não contemplava os inúmeros brilhos, apenas infinitos números e infinitas possibilidades de descobertas espaciais. Tudo era vazio e irrelevante.
Certa vez decidiu olhar-se no espelho e viu a imagem de um suicida. Por um breve momento ele culpou as pílulas pelas alucinações, mas era tudo tão real que sua mente por mais construtiva não poderia reproduzir tais sensações com tanta realidade. Cansado de tudo isto, sentindo-se sem saída e instintivamente saiu-lhe gritou bem alto de sua boca:
- Jesus Cristo... por favor me salve!
Satã logo saiu de sua mente e penetrou-lhe um olhar profundamente raivoso. Ele não o tocou, pois havia um círculo de luz que protegia aquele homem. Mas satã tentava a todo o custo agarrar o seu pescoço. Durante aquela batalha, o homem foi se afastando da calçada, não prestou atenção no transito e um caminhão o atropelou. Agora estava morto.
Quando acordou, percebeu que estava em um lugar muito belo. Pessoas cantavam, crianças brincavam e a luz e a sensação de paz eram constantes. Uma voz o chamou pelo o nome. Eram seus pais e Jesus que o abraçaram e desejaram-lhe boas vindas. Em lágrimas Charles disse:
-Eu não mereço estar aqui. Eu vendi minha alma ao diabo e fiz coisas terríveis.
- Você não está aqui porque merece filho- disse Jesus- aliás, ninguém está aqui pelos seus próprios méritos. O céu só pode ser habitado por pessoas humildes que reconhecem que a minha graça já basta.
- O que é a sua graça?
- Amar incondicionalmente a todos os mortais mesmo sabendo que fui traído e trocado por aquele que se diz meu inimigo.
- Você fala a respeito de Lúcifer?
- Não. Lúcifer já deixou de existir a muito tempo. Seu nome é Satanás. Ele já não é mais o portador da luz. Eu sou a Luz do mundo e quem comigo anda não mais andará em trevas. A iluminação proporcionada por satã é muito superficial. É comparada como a luz de uma vela em meio a uma tempestade. O primeiro vento e as primeiras gotas de água são capazes de apagá-la e nada, absolutamente, tornará a acendê-la. A minha luz nasce no coração e projeta-se no olhar, transmitindo a pureza.
- Eu sempre ouvi dizer que para chegar ao céu seria necessário ser caridoso, perdoar as pessoas, amar os inimigos, e ir todos os domingos às missas. Mas eu nunca não fui assim, pelo contrário, eu fui considerado a vida toda uma pedra de tropeço para a sociedade, não rezava, pois imaginava que você estava sempre ocupado com outras coisas e que não se importava com minha condição nem mesmo daqueles que viviam como eu. Eu tinha muito ódio guardado no meu coração e só pensava em mim mesmo. Eu queria ser rico e devolver a todos as afrontas que recebi em minha vida inteira. Por isso que aceitei assinar aquele contrato e permiti que Luci... Quer dizer, que Satã possuísse minha alma.
- Eu sei de tudo isso filho! Você não é o único a pensar desta forma. Não precisa mais se culpar pelos seus erros, eles estão perdoados. Mesmo conquistando tudo o que sempre sonhou, não hesitou em reconhecer que somente eu posso ser seu amigo e somente eu posso te livrar do mal. Lembra-se que clamou pelo meu nome antes de morrer?
- Lembro.
- No ultimo instante você se lembrou de mim e isto me alegrou bastante. Mesmo se referindo ao diabo como “senhor” e a mim como “você”.
- Perdoe-me Senhor!
- Não se preocupe filho, formalidades não me convencem. Eu posso ver tudo o que está em seu coração. E vejo sinceridade. Muita sinceridade! Venha, quero te mostrar algo.
Jesus o segurou pela a mão e o levou à beira de um abismo que se encontrava do lado de fora do paraíso. Os portões celestiais se abriram e Charles pôde avistar o inferno. Era um lugar escuro, vazio de tudo, onde se podia ouvir gritos, xingamentos e lamentações de todos os tipos.
- Eu pensei que o inferno fosse um lugar quente. Sempre me disseram que havia muito fogo e que jamais se apagava.
- Você quase acertou. Existe sim um imenso fogo neste lugar, mas não é o fogo que você conhece. O fogo que você conhece queima, mas também aquece. O fogo que você conhece destrói, mas também é utilizado para construir. O fogo que você conhece não serve apenas para provocar a dor, serve também para cozinhar deliciosos alimentos que satisfaz e fortalece o corpo. Como eu poderia utilizar algo rico em benefícios como instrumento de punição? O fogo que existe aqui é um fogo diferente, consumidor da alegria, da paz, da esperança e da visibilidade da luz externa e interna. Este lugar não foi criado para as pessoas, na casa do meu pai existem muitas moradas, isto foi criado para o diabo e seus demônios. Venha e veja mais de perto.
A luz de Jesus iluminou todo o inferno e Charles pôde ver as pessoas e percebeu que já não eram mais pessoas e sim criaturas horrendas. Ele olhou para Jesus e percebeu que Ele estava chorando muito.
- Filho, este é o resultado do fascínio pelo dinheiro, pela a glória do mundo e pela a necessidade do valor absurdo da aceitação humana. Estas pessoas se esqueceram de mim, ou não fizeram questão de lembrar que eu existo e vislumbraram-se de tal modo com suas próprias concupiscências que seus semelhantes foram vistos apenas como meros números. Abandonaram tudo de bom que acreditavam e prostituiram com suas próprias paixões. Alguns até sabiam do meu imenso amor, mas utilizaram-se do Meu nome para o comércio da fé e exploraram as almas humildes e aflitas. Pensaram que foram criados para usufruir de tudo que seus corpos o proporcionavam. Eu fui o novo Adão, mudei o curso da humanidade, mas a nova árvore do conhecimento do bem e do mal também surgiu e ela já não estava no meio do jardim e sim nos corações das pessoas. Eles provaram e aprovaram o gosto de se sentirem deuses, donos de seus próprios interesses, queriam sempre mais e mais e não se importavam com os que necessitavam deles. Agora eles se endiabraram e passarão a eternidade nesta crise existencial.
Jesus enxugou as suas lágrimas, olhou para Charles e abriu um belo sorriso dizendo:
-Venha bendito do meu Pai, para o reino que lhe foi preparado desde a fundação do mundo.
Jesus virou as costas para o inferno e Charles viu a Sua luz pouco a pouco desaparecendo e as sombras novamente encobrindo aquele lugar que voltava ao seu estado tenebroso. Em momento algum, Jesus soltou a sua mão e assim adentraram novamente os portões celestiais e nunca mais Charles se lembrou de seus erros, pois percebeu quão grande é o poder regenerativo do perdão e da capacidade de recuperação do ser humano.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A gratidão de um anônimo

Sou Grato a mim mesmo;
Por deixar escapar por entre os dedos, todas as oportunidades de alcançar os lugares mais elevados na hierarquia social. Sou grato a mim mesmo por ignorar muitas oportunidades de amar e ser amado que a vida já me ofereceu. Agradeço-me por ser tão cruel comigo mesmo em acreditar que jamais chegarei a lugar algum e que todos os meus sonhos não passam de meras fantasias. Sou muito grato por desperdiçar o amor daqueles que verdadeiramente me amam e por deixar-me seduzir pelas taras e loucuras daqueles que só se interessam por algo que possuo ou dos momentos de alegria e gozo que posso proporcionar em alguns momentos. Agradeço-me por novamente olhar para a imensidão do universo e esquecer-me que existe Alguém lá em cima, muito além de todas as galáxias que nunca é pego de surpresa por nossas trapaças e por convencer-me de que as complexidades da vida são mais importantes do que os Seus planos. Sou grato a mim mesmo por não conseguir agradar a todos e na tentativa de fazê-lo, acabo desagradando-me. Sinto-me lisonjeado por não compreender a verdadeira essência da vida que é cair, levantar e aprender com minhas quedas como atravessar os caminhos mais difíceis, protegendo meus pés contra os espinhos e as pedras pontiagudas que colocaram ou que estão ali por algum motivo natural. É triste, mas devo agradecer-me por eu não ser quem eu gostaria e pela a minha profunda insaciabilidade. Apesar de tudo eu sou feliz comigo mesmo! Sou feliz por ser um indivíduo que atravessa todos os dias as fronteiras das paixões, dos prazeres, das lágrimas e dos sorrisos e ainda assim acabo descobrindo todos os dias que tudo não passa de uma grande ilusão e que logo tudo passará como uma simples tempestade de verão. Sou feliz comigo mesmo por não possuir riquezas, mas por possuir um coração alheio a todo o tipo de sentimentos negativos em relação aqueles que se intitulam meus inimigos. Sou feliz por esconder meus desvarios por trás do meu bom senso. “A ceara é grande mas os trabalhadores são poucos”. Por isso sou grato a mim mesmo. Por saber da escassez de mão-de-obra para o grande trabalho em prol do fortalecimento da luz e, no entanto, perco o meu tempo escrevendo estas linhas relatando minhas perdas e meus questionamentos mesmo sabendo que todos vocês já se depararam com momentos assim pelo menos alguma vez na vida e ainda assim, por breves momentos acreditei estar escrevendo alguma novidade.

domingo, 17 de julho de 2011

A ARTE DA AMIZADE

“Um homem, seu cavalo e seu cão caminhavam por uma estrada. Quando passavam perto de uma árvore gigantesca, um raio caiu, e todos morreram fulminados.
Mas o homem não percebeu que já havia deixado este mundo, e continuou caminhando com seus dois animais; às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição…

A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água. Numa curva do caminho, avistaram um portão magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina.
O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada.
- Bom dia. Que lugar é este, tão lindo?
- Aqui é o Céu.
- Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede.
- O senhor pode entrar e beber água à vontade.
E o guarda indicou a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
- Lamento muito, mas aqui não se permite a entrada de animais.

O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande, mas ele não beberia sozinho; agradeceu e continuou adiante. Depois de muito caminharem, já exaustos, chegaram a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha, que se abria para um caminho de terra, ladeada de árvores.

À sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, possivelmente dormindo.
- Bom dia – disse o caminhante.
- Estamos com muita sede, meu cavalo, meu cachorro e eu.
- Há uma fonte naquelas pedras – disse o homem e indicando o lugar. – Podem beber a vontade.
O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede. Em seguida voltou para agradecer.

- Por sinal, como se chama este lugar?
- Céu.
- Céu? Mas o guarda do portão de mármore disse que lá era o céu!
- Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno.

O caminhante ficou perplexo.
- Vocês deviam evitar isso! Essa informação falsa deve causar grandes confusões!
O homem sorriu:
- De forma alguma. Na verdade, eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam todos aqueles que são capazes de abandonar seus melhores amigos…”

(Paulo Coelho - Trecho do livro: O demônio e a Srta Pryn)

Desta vez eu falarei a respeito da amizade. Não de um mero coleguismo, ou de um simples conhecimento. Não me refiro aos interesseiros, refiro-me ao amor entre duas ou mais pessoas que entre si evitam todo e qualquer tipo de maldade, mas se divertem com a cumplicidade e se alegram em poder contar com a união para enfrentar os desafios da vida.
Jó foi um homem que perdeu tudo o que tinha correto? ERRADO. Jó perdeu animais, terras, filhos, perdeu a saúde quando a lepra o assolou e pra variar, satanás possuiu sua mulher a fim de levá-lo ao desespero (Jó 2). Aparentemente sim, este homem perdeu tudo, mas o fato é que Deus nunca abandona os seus filhos e quando Jó pensava que tudo havia acabado, eis que de repente chegaram-lhes três amigos que ouviram a respeito das desgraças que haviam acontecido. A bíblia relata que quando eles o avistaram, choraram e gritaram. Rasgaram suas roupas e sentaram-se no chão ao seu lado e ficaram por sete dias e sete noites sem dizer palavra alguma. (Jó 2:11)


De fato ele não perdeu tudo, ele ainda tinha seus amigos e este texto me fez pensar bastante. Me ajudou a compreender que o verdadeiro amigo não é aquele que sempre têm algo a dizer, mas sempre diz algo na hora certa. O verdadeiro amigo nunca compreende os seus sofrimentos, ele sofre contigo. O amigo verdadeiro nem sempre tem histórias engraçadas para contar e faz surgir nos seus lábios um belo sorriso, mas se cala respeitando sua tristeza e não hesita em lamentar-se nas suas amarguras. O amigo sempre fecha os olhos para lembrar a época em que você era forte e reanimava os contritos. Leiam o texto abaixo:
“ ENTÃO respondeu Elifaz o temanita, e disse:
Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderia conter as palavras? Eis que ensinaste a muitos, e tens fortalecido as mãos fracas. As tuas palavras firmaram os que tropeçavam e os joelhos desfalecentes tens fortalecido. Mas agora, que se trata de ti, te enfadas; e tocando-te a ti, te perturbas. Porventura não é o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança a integridade dos teus caminhos”? (JÓ 4:1-6)

Permitam-me conjecturar sem cometer desvarios. Neste exato momento, quando Elifaz (um dos amigos de Jó) decide abrir a boca, sinto dentro da minha alma a mesma perplexidade que talvez Jó sentira. A mulher que ele amava aconselhou-o a desistir de tudo. A sociedade na qual vivia dominada pela a superstição na certa teciam comentários maldosos dizendo que os deuses haviam o amaldiçoado. E de repente, um amigo, alguém que não compartilhou do mesmo ventre no qual Jó nascera, que não viveu sob o mesmo teto que ele, o agraciou com a dureza de um pai e com a sensibilidade de uma mãe fazendo-o lembrar de que as perdas materiais e sentimentais, não podem influenciar no caráter de uma pessoa. Seria uma contradição um homem justo, caridoso e um excelente conselheiro, esquecer subitamente de tudo o que ensinava aos aflitos. Sinto também Deus lá de cima dizendo:
- Eu não te abandonei filhinho.
Qualquer ser humano se depara em algum aspecto com a história de Jó. Todos nós em algum momento teremos que atravessar o dia mau. Mas o que seria este dia mau?
O dia mau é o dia em que você chega na empresa em que trabalha contando com a sua promoção que fora prometida há tempos, mas ela não acontece, pelo contrário, o que acontece é uma demissão repentina e então você descobre que seu patrão contratou uma pessoa bem mais nova e menos capacitada e que todos aqueles que você pensava serem seus amigos sabiam disto e sequer te contaram. Você foi descartado como um objeto qualquer. O dia mau é aquele dia em que finalmente aquela criança linda já tem todo um cenário à espera do seu nascimento no teatro da vida e de repente surge o médico noticiando um imprevisto e que para aquela criança nascer, será necessário que a mãe morra. E na esperança de uma nova tentativa, a vida da mãe é poupada, mas nada, absolutamente, apagará a imagem daquela vida que tão cedo padeceu. O dia mau é quando você desperta pela a madrugada e o perfume daquela pessoa ainda exala dos travesseiros e lençóis. E tomado pela sonolência, você decide apalpar ao seu lado na cama, na expectativa de receber um abraço forte, mas não existe ninguém do seu lado. Aquela pessoa não se encontra mais. A única coisa que lhe resta é o frio e a solidão. Seu coração não agüenta e você chega até a pensar em cometer alguma loucura.
O dia mal é aquele dia em que surge um pequeno caroço na sua língua e você pensa que não é nada demais. Espera o tempo passar, toma alguns medicamentos para aliviar a dor que têm aumentado gradativamente, até que decide procurar um médico e ele informa que aquele câncer está se espalhando rapidamente por toda a sua boca e que a única probabilidade de cura serão sessões intensas de radioterapias e quimioterapias. Você volta pra casa e se tranca no banheiro, se olha no espelho e lembra dos dias em que sua boca lhe fez sentir grandes prazeres. Lembra de outros lábios que um dia ela beijou, lembra das vezes em que fez outras pessoas rirem com piadas, lembra até mesmo das vezes em que falou mal de alguém. Mas isto estaria por terminar, logo ela estaria completamente dominada por esta doença que a deformaria totalmente. As sessões iniciam, os medicamentos são fortes e fazem cair os seus cabelos. Pouco a pouco, você está ficando completamente fraco(a) por não mais sentir fome e a expectativa de melhora vai cessando cada vez mais.
A vida é muito imprevisível. Nunca acreditamos que poderemos um dia sermos vítimas das tragédias. Mas elas existem e não avisam sua proximidade. Imaginem atravessarmos momentos tão terríveis e não termos sequer um amigo para compartilharmos a nossa dor. Existem pessoas que se gabam por serem independentes e aparentemente espertos por não confiarem em ninguém. Existem aquelas pessoas que dizem que amigos são pai e mãe. Existem radicalismos de todos os tipos, principalmente, aqueles que afirmam que se Deus estiver com eles, não precisarão de mais ninguém. Em partes eu concordo, Jesus disse certa vez em oração que os Seus discípulos não eram apenas servos e sim amigos (JO 15:15). Quem em sã consciência não gostaria de se tornar amigo de Jesus? Mas enquanto esteve nessa Terra, Ele fez grandes amigos dando-nos o exemplo de que mesmo estando em perfeita comunhão com Deus ainda precisamos das demais pessoas.Os Seus amigos inclusive não se importavam com as tradições da época. Atualmente Vivemos em uma sociedade legalista. Pode-se quase tudo, quase tudo mesmo. Mas certos preceitos mantiveram-se vivos tradicionalmente, como por exemplo, o machismo e o preconceito. Imagine um rapaz com um pouco menos de 21 anos encostando sua cabeça sobre o peito de outro com aproximadamente 33 anos! Na certa as pessoas acharão aquilo muito estranho não é verdade? Elas ainda não se acostumaram com certas mudanças (que não me vem ao caso agora falar a respeito). Mas imagine esta cena há mais de dois mil anos atrás? Pois bem, esta cena aconteceu e foi uma corajosa demonstração afetiva pouco percebida nas escrituras. O apostolo João, durante a última ceia de Jesus fez este gesto, demonstrando que pouco se importava com o que diriam ou pensariam à seu respeito. Ele demonstrou ali que aprendera um pouco da essência de Cristo.
“E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?” (JO 13:25)


É claro que não sou maluco de estipular níveis comparativos entre a amizade deles para como Jesus, nem de Jesus para com eles. É claro que Jesus foi O grande amigo. Ele deu sua vida por aqueles homens que no momento mais difícil se esconderam, sendo que um deles (segundo alguns historiadores que Judas Iscariotes foi o seu melhor amigo) o entregou a morte por causa do fascínio pelo dinheiro. Mas Deus novamente nos mostra que nunca nos deixa sozinhos, pois ao pé daquela cruz estavam João e as mulheres. Perceberam que novamente os verdadeiros amigos estiveram por perto? São lições que devemos tomar para as nossas vidas, ainda que você não acredite em Deus, pense na essência desta história. Como é bom e saudável termos amigos! Como é bom poder contar com um ombro para chorar! Como é bom ter alguém disposto a compartilhar os principais momentos da vida sem esperarem algo em troca! Você não tem amigos? Não confia em ninguém? Pensa que pode se virar sozinho? Você é livre para escolher a maneira na qual deseja viver, mas saiba que toda a espécie que se separa do seu grupo, é sempre o principal alvo dos predadores. O reino animal às vezes nos dá lições tão sábias! Eu não posso culpar ninguém por não terem amigos, pois a sociedade em que vivemos tem sido dominada por verdadeiros cretinos que fazem questão de se aproximarem e tirarem proveito das pessoas de bem. Vemos diariamente casos de traições por pessoas que possuíam plena confiança de suas vítimas. Casos de melhores amigos (as) que roubaram o marido ou a mulher do outro (a). A psicologia diz que as pessoas representam para você o que você representa para elas. Se você desperta confiança, elas confiarão em você. Se você é alegre, as pessoas de bem sempre farão o possível para estar ao seu lado, em contrapartida, se você é uma pessoa mal humorada e amarga, sempre estará metida em alguma situação desagradável.

Aristóteles disse certa vez que “amigo são duas almas em um só corpo”. Mas o que seria a alma? A alma é toda a capacidade intelectual e racional em harmonia com os sentimentos. É o perfeito equilíbrio de todas estas dádivas. É a psique humana, a mente em pleno funcionamento com o coração. Portanto quando Aristóteles disse “duas almas em um só corpo”, ele se referia a duas opiniões, duas características, duas personalidades, ou seja, dois seres em unidade constante. Ainda discordando um do outro, eles não se separam. Ainda embrutecendo, não se odeiam. Ser amigo nem sempre é concordar com tudo que o outro diz ou faz. Aproveito esta chance para abrir um parêntese e dizer: muito cuidado com os bajuladores. Muito cuidado com aqueles que concordam com tudo o que você diz, pensa e age, porque quando você colher os frutos de seus erros, eles também apoiarão sua triste colheita. Afinal, eles sempre concordam com tudo.

É sempre difícil falar de um assunto como este que traz consigo uma multiplicidade tremenda de opiniões e de pontos de vista diferentes. Se você pesquisar na internet, eu garanto que encontrará centenas de milhares de livros e artigos brilhantes que falam a respeito deste tema. Mas uma coisa eu lhes garanto... nada, absolutamente, substitui nossas próprias experiências. Portanto, levante-se e examine sua vida se aqueles que dizem serem seus amigos o são de fato. Caso não tenha amigos, sugiro que seja amigo das pessoas que em breve os verdadeiros amigos surgirão. Olhe para o céu e veja que você tem um grande Amigo que sempre estará te guiando para conquistar verdadeiras amizades aqui na terra que te darão as mãos e contarão com as suas mãos para atravessarem juntos o complexo e misterioso caminho da existência.
Um grande abraço!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A arte do amor

Não tenho a ousadia e a presunção de dizer que neste artigo serão abordadas todas as faces do amor, nem mesmo que eu o conheço como a palma da minha mão, pois o amor é uma descoberta individual e gradativa, e se aperfeiçoa com o entendimento. Assim como os primeiros passos de uma criança, caminhamos errantes entre as quedas e o equilíbrio e descobrimos sua real definição para que possamos praticá-lo em toda a sua plenitude.
(Clayton Paulo 07/07/11)
Dizem que a vida imita a arte. Na arte, mais especificamente nos cinemas, toda história de amor têm um início natural, um meio difícil e um final feliz. Mas será que na vida também é assim? Será que o amor que demonstramos ou que recebemos se compara com o amor que nos é mostrado nos filmes? Você na certa dirá que não, ou poderá dizer que existem casos isolados da manifestação do amor na vida real. Desde que me entendo por pessoa, tenho ouvido essa a respeito desta palavra, até que certo dia, no auge da minha vida eu decidi buscar no meu próprio coração a real definição desta palavra. Confesso que viajei milhas de distância no oceano da minha imaginação e da minha simples capacidade intelectual, mas tudo o que eu encontrei foi apenas aquilo que condicionaram minha mente a acreditar.
A sociedade perece por falta de amor. Vemos várias faces desta pura e doce palavra destilando-se nos olhares mais vítreos e mais secos de algumas pessoas, e então percebi que ainda faltava algo, e que o amor ainda não havia se personificado nos seus corações. O que vemos é o misto de sua característica com a mais pura superficialidade sentimental, ou seja, um grande jogo de interesses. Permita-me citar uma frase escrita por Friedrich Nietzsche:
“ O amor está sempre além do bem e do mal”.

A minha busca continuava, mesmo sabendo que tudo o que minha mente concebeu à respeito disto foi o que me disseram ao longo da minha existência. O coração se cansava, mas minha razão me inquietava até que olhei para o mais profundo da minha alma e percebi que o melhor a se fazer era dar tempo ao tempo. Somente o tempo apresenta todas as evidências necessárias que a nossa vã capacidade intelectual limita-se a apresentar-nos. Confesso que reverenciei as palavras de Nieztche, pois mesmo sendo cético, ele mostrou claramente o real significado do amor. As atitudes de quem realmente ama excedem os padrões que existem à respeito de relação e perdão. Por exemplo: Você perdoaria o assassino do seu filho? Perdoaria seu (sua) melhor amigo (a) que o (a) traiu? Perdoaria um pai que abusou de sua inocência? Se para todas estas perguntas, sua resposta for positiva, saiba que você é uma pessoa que realmente carrega dentro de si a personificação do verdadeiro amor. Eu sei o quanto é difícil aceitar o que estou escrevendo, mas infelizmente é esta a mais pura realidade. Eu gostaria de confortar meu coração e o seu dizendo que “olho por olho e dente por dente”, também é uma forma de demonstrar amor. Gostaria tanto de escrever neste artigo que não devemos perdoar seja lá quem for o que quer que tenham feito contra nós que ainda assim estaríamos amando estas pessoas, mas isto eu não posso fazer, eu estaria mentindo para você e principalmente para mim mesmo. É triste, mas infelizmente a vida não imita a arte.
Em meio à humilhação pública, xingamentos, feridas abertas e infeccionadas, corpo seminu, abusos de vários tipos, tendo sua face cuspida e a ameaça da iminente morte, Jesus gritou em alto e bom som:
“Pai perdoa-lhes eles não sabem o que fazem”
Naquele momento a humanidade poderia ter sido completamente destruída. Mas o Deus de amor fechou os olhos para o sofrimento do próprio Filho afim de poupar a raça humana, inclusive os Seus assassinos. As escrituras não relatam, mas o avanço do Cristianismo decorreu com as inúmeras conversões de Judeus e Romanos, soldados e pessoas que também estiveram no triste momento do sacrifício de Jesus Cristo no Gólgota. Ainda assim, mesmo assassinando o Seu Filho, Deus não hesitou em perdoá-los. Então eu lhes pergunto: existe exemplo de amor maior do que este?

Se perdoarmos uma traição, seremos tachados de otários. Se perdoarmos uma ou mais ofensas, a sociedade dirá que não temos vergonha. Se nos dedicarmos a alguém mesmo que isto não nos traga retorno algum, seremos considerados infantis e tolos. Mas se decidimos responder o mal à sua devida altura, seremos julgados como covardes homicidas e hostis. Isto prova que nunca seremos o suficiente para as pessoas. Se vivermos da maneira na qual eles querem, seremos eternamente escravos de seus conceitos e nos tornaremos dependentes de suas opiniões.
Após tantas buscas, pude perceber que o amor não é um mero sentimento e sim uma escolha. Não sentimos sua proximidade, mas decidimos estar próximo dele. Não somos inspirados em tê-lo, mas ele nos inspira. Não surge do acaso, mas optamos por gerá-lo dentro do coração. Não questionamos seus efeitos, mas contemplamos seus feitos. Assim é o amor vivo e latente. Que não se mede, que não se condiciona e que não se pactua com padrões pré-estabelecidos por pessoas que o desconhecem.
O que leva uma mãe matar 3 filhos? O que leva um pai abusar sexualmente da própria filha? Qual o motivo de um jovem entrar em sua escola e matar os seus colegas? Por que um homem se apodera de uma arma e obriga uma mulher a aceitar uma relação sexual? Qual o problema de uma mulher que tem ao seu lado um homem que se dispõe a fazer qualquer coisa por ela e ainda assim ela o trai? O que faz um homem abandonar um casamento de décadas por uma mera aventura?O que acontece na mente de uma mulher que abandona um recém nascido no lixo? Estas e outras perguntas se resumem a apenas uma resposta... Estas pessoas desconhecem o amor. Parece muito simples a maneira na qual eu respondi estas perguntas. Mas o fato é que o amor é o único veículo que nos conduz à uma vida saudável. Ninguém consegue viver com ódio, rancor, mágoas e todo o tipo de sentimentos negativos. Viver desta forma é sepultar a própria alma mesmo gozando de todo o vigor da existência.

Pessoalmente, eu não me arrependo das frustrações que tive na vida por amar. Mesmo não sendo correspondido à altura, tenho a plena consciência de que eu amei e isto já basta. Tenho a plena felicidade de saber que por breves e longos momentos manifestei a característica mais marcante de Deus ao demonstrar o amor pelas pessoas.
“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele.” (1JO 4:16)
Tenho a absoluta certeza de que não existe nenhum tipo de movimento religioso ou filosófico que proíba ou ridicularize o amor. Até mesmo no mais profundo e tenebroso satanismo, fala-se em amor. Baseados no que o Ocultista Aleister Crowley escreveu como uma “lei de um homem livre”(Lei de Thelema).
“Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei. Amor sob vontade, esta é a lei.” (Crowley)
É claro que neste texto ele pretendia relativizar o amor. Jesus nos ensinou a amar o próximo em quaisquer circunstâncias, pois mesmo sendo maus, Ele nos ama, mas Crowley surgiu com o ideal de que o caminho para a felicidade é amarmos apenas aqueles que pensamos que merecem.
O que motiva as conquistas e a própria sobrevivência do ser humano é o amor. É exatamente isto que nos difere dos demais seres: A possibilidade de amar. Nem os animais, nem as plantas, nem mesmo os anjos possuem esta característica. Quando no inicio de tudo Deus ordenou que “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” é claro que ele não se referia ao aspecto físico, pois Deus é Espírito e de um esplendor Infinito e nós somos uma estrutura física e altamente perecível. Deus nos criou à Sua imagem e semelhança, justamente para cruzarmos as fronteiras das decepções, da raiva, das paixões e das atitudes explosivas e ainda assim permitirmos que o amor esteja muito alem de tudo isso. Eu posso estar falando muito de Deus neste artigo, mas eu digo a vocês, é impossível falarmos de amor e não O mencionarmos. Quem assim o faz, não está falando do verdadeiro amor, mas fala de suas superficialidades sentimentais. Novamente afirmo com toda a certeza: O amor não é um sentimento e sim uma escolha. Os sentimentos são frutos das paixões que surgem e passam com um piscar de olhos. Na primeira decepção, lá se vai toda a ternura, mas se as chamas do amor estiverem acesas em nós, as decepções servirão como grandes experiências.
Muitos artistas, escritores e religiosos já escreveram algo à respeito do amor. Já ouvi alguns dizerem que é um mal necessário, outros dizerem que é a coisa mais bela da vida e existem aqueles grupos que o classificam em dois tipos: Ágape e Eros. O amor Ágape é um amor fraterno, que se assemelha de um pai para um filho, de uma mãe para um filho, de irmãos e até mesmo de Deus para com os humanos. Já o amor Eros é basicamente um amor safado que o casal declara antes, durante e depois de uma boa transa. Os tempos da conquista, o início de uma relação e a reconstrução do mesmo, geralmente vêm acompanhados deste Eros. Mas sendo Ágape ou Eros, eu ainda acredito que o amor sobrepuja todas as definições.
A maioria das músicas, dos livros e dos programas de TV (como a novela, por exemplo), têm se empenhado em despertar nas pessoas o medo de amar e muitos têm se perdido por tentarem viver desta maneira. Eles cantam, escrevem e encenam decepções amorosas para nos despertar a impiedade até desistirmos de toda a expressão amorosa, até que finalmente nos esfriamos e depois nos autodestruímos. Nenhuma sociedade sobrevive sem o amor. Ele é o equilíbrio daqueles que o rejeitam. Um lugar como o mundo que vivemos onde se fala em conquistas espaciais, possessões, fama, luxo e o grande avanço da medicina, não é capaz de resolver sequer as questões comportamentais mais óbvias de algumas pessoas. Muitas vezes olhamos para o céu buscando uma resposta que na maioria das vezes está dentro de nós. O amor é a única razão e a única lógica. Mas toda a lógica e razões do mundo são incapazes de construir o amor. Eu os desafio a procurarem em quantos livros puderem a real definição da palavra amor e verão que todos os livros apenas conjecturam e detalham o que o texto abaixo explica com tanta pureza e tanta honestidade. Gostaria que meditassem e relessem quantas vezes for necessário para que suas mentes analíticas assumam com leveza e objetividade o real entendimento e não permitam que vocês se percam na dúvida:
AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. (1 coríntios 13)
Após este texto, a única coisa que posso dizer é que a vã filosofia tropeçou mais uma vez nesta questão tão complexa e ao mesmo tempo tão simples que necessitou recorrer às sagradas escrituras para expor a real definição da escolha mais sábia chamada amor. Tudo o que Nieztzche, Sócrates, Aristóteles, Descartes, Shakespeare, Einstein e tantos outros gênios fizeram foi reforçar a crença de que existe um amor e este amor é vivo, pessoal, claro, específico que paira no mundo como a energia constante que gera a essência da vida e que insiste em se relacionar conosco e sonha que o compartilhemos com as demais pessoas. Esse amor é Deus. E peço publicamente que a cada dia, Ele me ensine e me ajude a amar a todos e que eu possa amar a mim mesmo, pois me inundando deste amor, ele poderá se exalar como um doce perfume onde existe o odor do ódio e que leve à Sua luz àqueles que agonizam nas sufocantes trevas do vazio existencial. Espero ter despertado algo construtivo em vocês.
Um grande abraço!